O mínimo de investimento que você precisa fazer para abrir uma startup
Saiba como tirar seu empreendimento digital do papel fazendo o mínimo de despesas
Nos
quatro primeiros meses deste ano, mais de 674 000 novas empresas foram
abertas no Brasil, segundo um levantamento da Serasa Experian. Trata-se
do maior índice para o período desde 2010. O segmento de startups tem
tido um peso considerável nesse fenômeno. Um levantamento realizado pela
Associação Brasileira de Startups (ABStartups) aponta que entre julho
de 2015 e julho de 2016 o número de empreendimentos com esse perfil no
país teve um crescimento de 23,5%. Mas, atenção: abrir uma startup não
significa simplesmente ter uma boa ideia. Para atrair investidores que
ajudem a transformar o projeto em realidade, é preciso ter um modelo de
negócios montado e o projeto minimamente desenvolvido.
Mas
como desenvolver a parte tecnológica de um aplicativo e torná-lo
conhecido dos usuários, por exemplo, sem contratar um programador ou
investir em marketing? Para André Nazareth, líder de desenvolvimento de
negócios com startups da Amazon Web Services (AWS), um dos princípios
básicos para viabilizar uma startup é buscar sócios, em vez de
prestadores de serviços. “É fundamental desenvolver a habilidade de
vender bem a ideia, porque, com pouco dinheiro, é necessário atrair
sócios que realmente acreditem no negócio, já que provavelmente vão
precisar trabalhar por um bom tempo sem retorno financeiro”, diz ele.
Para
alguns especialistas, a escassez de capital pode até ser uma aliada no
começo do empreendimento digital, contribuindo para que o negócio não
perca o foco nem a agilidade, diferencial das startups em relação às
empresas convencionais. “Você só faz o que pode e não fica perdendo
tempo construindo um produto com muitas funcionalidades”, diz André
Nazareth.
Além
disso, a habilidade que os fundadores demonstram de encontrar
alternativas para colocar o projeto de pé mesmo sem muito dinheiro é um
dos principais pontos analisados pelos investidores na hora de decidir
apoiar um negócio ou não. “O investidor não analisa tanto a ideia, mas a
capacidade do empreendedor de realizar com poucos recursos. A
capacidade de execução é o que diferencia um grande empreendedor e
idealizador de um simples sonhador”, afirma André Ghignatti, diretor da
WOW Aceleradora, do Rio Grande do Sul. Nesta reportagem, você encontra
uma série de orientações de empreendedores digitais e de aceleradoras
sobre como contornar os obstáculos iniciais e fazer sua empresa se
materializar. Agora o seu projeto vira realidade!
Para menos virar mais
Confira,
a seguir, as dicas de empreendedores e aceleradoras para dar o pontapé
inicial no seu negócio, mesmo com poucos recursos
1. Busque parceiros
A
maior facilidade que Luiz Felipe Jannuzi, fundador da NowLink, teve ao
iniciar sua empresa foi a ajuda de seu irmão e sócio, o programador Luiz
Flávio Jannuzzi. Foi ele o responsável pelo desenvolvimento da
plataforma online, que permite transformar o Instagram em um canal de
vendas. “Nosso custo inicial foi muito baixo, já que a base da
plataforma foi desenvolvida de graça pelo meu irmão e não por uma
agência”, diz Luiz Felipe. A busca de parcerias na família e nos amigos é
o ponto de partida de muitos empreendedores, mas sócios em potencial
nas áreas de programação e desenvolvimento ou de marketing e vendas
também podem ser achados em eventos de empreendedorismo e até em sites
de trabalho freelance como o Workana.com. “O importante é que os sócios
tenham características complementares para atender as primeiras
demandas: desenvolver e entregar o produto”, afirma André Ghignatti.
2. Use um escritório virtual
Os
três sócios do NowLink são adeptos da cultura do home office,
trabalhando ora cada um em sua casa, ora juntos no mesmo local. “O home
office é ainda a alternativa mais barata”, diz André Ghignatti. Mas ter
um endereço comercial é fundamental para alguns negócios, como a
BeeCâmbio, startup de São Paulo especializada em venda e troca online de
moedas estrangeiras. “Como fazemos transações de valores é fundamental
que a imagem organizacional esteja bem estruturada”, afirma Fernando
Pavani, fundador da BeeCâmbio. No início do negócio, sem muitos recursos
em caixa, a saída encontrada por ele foi recorrer ao serviço de
escritório virtual da Delta Business Center. Nesse tipo de serviço, o
empreendedor pode informar o endereço comercial da Delta – que tem
unidades nos principais centros financeiros da capital paulista, como as
avenidas Faria Lima, Paulista e Berrini –, ter seus clientes atendidos
por um PABX da empresa e, se necessário, até realizar algumas reuniões
nesses locais. Os planos, que custam a partir de 90 reais mensais, podem
ser contratados pelo tempo que a empresa precisar, sem necessidade de
fiador ou carta-fiança. “A Delta não coloca o logo dela nas salas, o que
dá para os clientes a impressão de que somos donos do andar inteiro”,
diz Fernando Pavani. “Tudo isso fazia a gente parecer grande e eu só
precisei investir mesmo no site da empresa”, diz Fernando. Mesmo após
três anos de crescimento, a startup continua a utilizar o serviço por
conta do custo-benefício.
3. Rode em beta
No
começo, toda startup digital precisa ter um MVP, sigla em inglês para
produto mínimo viável – um protótipo do projeto, já em uso, a ser
apresentado aos investidores. É uma versão que possui todas as
funcionalidades do produto final, mas ainda sem acabamento. Ou seja,
nesta fase você ainda não precisa investir em um design apurado. Como
você não conta com uma grande equipe de tecnologia, é interessante abrir
esta versão a alguns usuários, para que experimentem o produto e
detectem possíveis erros antes mesmo do lançamento. Ao rodar em beta, o
empreendedor transmite credibilidade junto a possíveis investidores e
clientes, mostrando que o projeto está evoluindo e permitindo a eles
avaliar o seu potencial.
4. Divulgue nas redes
Você
pode usar as redes sociais a seu favor para conseguir uma base de
usuários para testar seu aplicativo e até para divulgar seu negócio
entre clientes em potencial. Primeiro, é preciso identificar os
principais canais para atingir o seu público – grupos no Facebook,
fóruns no Linkedin, blogs ou canais no Youtube – e depois usar esses
meios para divulgar. Mesmo que o produto ainda não esteja pronto, as
redes sociais podem ser uma ferramenta para validar o projeto,
anunciando-o para o público para, assim, dimensionar o interesse do
público. Para Camila Porto, consultora em marketing digital e autora do
livro Facebook Marketing, esta rede é um bom caminho de divulgação
porque, além da quantidade de usuários e da possibilidade de interagir
direto com eles, recebendo retorno em tempo real, é possível analisar o
retorno do investimento por meio de uma série de métricas. “Com 10 reais
por dia você já consegue fazer uma campanha no Facebook, impulsionar
seu post e chegar ao seu cliente em potencial”.
5. Recorra a fontes alternativas de financiamento
Um
bom jeito de conseguir capital para ajudar a startup a dar os primeiros
passos é inscrever o projeto num site de financiamento coletivo, como
Kickante ou Catarse. Atualmente, as iniciativas de empreendedorismo já
representam 66% das campanhas de arrecadação lançadas nessas
plataformas, que cobram uma comissão de 10% a 15% sobre o valor
levantado pelos autores. Outro caminho é buscar os chamados
investidores-anjos, que podem colocar pequenos valores nos negócios em
troca de participação acionária. No site da ONG Anjos do Brasil é
possível encontrar informações sobre como apresentar seu projeto para um
investidor com esse perfil. “O investidor pode não se interessar, mas
pode passar a ideia para outro que compre a ideia. O empreendedor tem
que gastar um tempo criando esse relacionamento”, aconselha André
Ghignatti.
Esta matéria foi publicada originalmente na edição 217 da revista Você S/A e pode conter informações desatualizadas.
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