5 mentiras em que os chefes novatos sempre acreditam

É natural que surjam dúvidas e angústias na cabeça do jovem gestor. Mas um detalhe muda tudo: uma generosa porção desses medos é completamente infundada


São Paulo — Receber um cargo de chefia é como ganhar de presente uma caixa de ferramentas que você nunca manuseou antes.

No difícil processo de adaptação a essa nova forma de atuação — na qual, pela primeira vez, o desafio é atingir resultados com base no trabalho alheio, e não no próprio — é natural que o jovem gestor se depare com muitas dúvidas e angústias.

Mas há um detalhe que muda tudo: uma generosa porção desses medos é completamente falsa e infundada.

De acordo com Jill Geisler, professora na Loyola University Chicago e autora do livro “Como se tornar um ótimo chefe” (Editora Sextante, 2013), a minoria dos chefes estreantes conta com treinamentos corporativos. Via de regra, eles precisam aprender quase tudo sozinhos —e podem ser iludidos com falsas concepções sobre o que significa ser um líder.

Some-se a isso a precocidade de um número cada vez maior de gestores, afirma Eduardo Ferraz, consultor e autor do livro “Seja a pessoa certa no lugar certo” (Editora Gente, 2013). “No passado, o profissional demorava muito tempo até chegar a uma cadeira de gestão”, explica. “Hoje, os ciclos de ascensão hierárquica se encurtaram, e muita gente chega ao cargo de forma prematura”.

Com pouca orientação e muita inexperiência, os jovens chefes são presa fácil de mal-entendidos. Veja a seguir 5 dos mais comuns:

1. Você tem que ser “duro” para ser levado a sério
Na tentativa de ganhar o respeito da equipe e da empresa de forma geral, muitos gestores recém-empossados vestem uma máscara de frieza e autoritarismo. Não funciona: além de ser uma forma antipática de estrear no cargo, você nunca será verdadeiramente reconhecido como líder.

A melhor forma de conquistar credibilidade é demonstrar humildade e abertura para aprender a sua nova função — sem desconfiar automaticamente dos liderados.“O jovem chefe precisa se esforçar para conhecer seu time, sem preconceitos”, diz Geisler.

2. Você só tem os primeiros 90 dias para mostrar serviço
Outro mito comum é acreditar que, caso você não consiga se provar um bom gestor nos três primeiros meses do cargo, será substituído por outra pessoa mais competente. De acordo com Ferraz, não há tanta urgência para mostrar serviço, embora o primeiro ano no cargo seja de fato muito importante.

“A ideia de que será ‘tudo ou nada’ nos primeiros 90 dias põe uma pressão desnecessária sobre os ombros do profissional”, afirma o consultor. Ironicamente, essa ansiedade pode prejudicar o seu desempenho e gerar as temidas críticas e más avaliações.

3. Você precisa ter todas as respostas para provar que merece o cargo
A ideia de que o líder deve ser uma espécie de “sabe-tudo” já foi ultrapassada há tempos. Um chefe novato não ganha a confiança dos outros ao ter todas as respostas: no fundo, ele só conquista simpatia e credibilidade quando busca conselhos entre os próprios subordinados.

“É importante saber quais situações exigem uma resposta definitiva do líder, e quais podem se beneficiar da colaboração de todo o grupo”, explica Geisler.

4. É melhor se afastar dos velhos amigos
Não é fácil lidar com a presença de antigos colegas de trabalho entre o seu novo grupo de liderados. De qualquer modo, fechar-se a eles não é a melhor resposta.

O ideal é continuar sendo amigável com todos. “Mostre interesse e preocupação com o bem-estar deles ao mesmo tempo em que você deixa claro que espera que sejam profissionais responsáveis”, afirma Geisler. “É possível exigir comprometimento sem deixar de ser humano”.

5. É preciso supervisionar tudo
Um erro clássico de novos chefes é o microgerenciamento, isto é, o hábito de acompanhar cada uma das tarefas do liderado com minúcia exagerada.

Segundo Ferraz, é preciso entender que o chefe deve olhar para a “floresta”, e não para a “árvore”. Em outras palavras, gerenciar significa entender o todo, definir prioridades e delegar tarefas de forma estratégica. “Além disso, é preciso entender o peso de cada tarefa e a necessidade de cada liderado na hora de dosar a supervisão”, completa o especialista.

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